O movimento genderless e a representatividade da marcas no digital

Entendendo sobre a cultura digital

Isabele Brum 08/12/2021

As marcas têm grande influência na vida das pessoas, no estilo de vida, na forma de falar, de andar, de seguir tendências, de fazer parte de grupos, no gosto musical, alimentar e assim por diante. Não precisa ser uma marca reconhecida internacionalmente para inspirar de tal forma. Toda empresa que se propõe a fortalecer a sua marca e se posicionar, carrega consigo a responsabilidade em relação ao seu público e até aos fãs. Responsabilidade social em relação a sua área de atuação, então, consequentemente, quanto maior a marca, maior o impacto na sociedade.

Focando nesse alcance, é importante destacar a multiplicidade de pessoas que essa comunicação atinge. Por isso, pensamentos antigos não cabem mais nos moldes dos dias de hoje, principalmente na cultura do digital.

Entendendo sobre a cultura do digital e os multivíduos

Segundo o professor Massimo Canevacci, a cultura do digital modifica a estrutura das narrativas (entre quem narra e quem é narrado), a partir disso, surge a ideia de autorrepresentação: as pessoas querem se representar, e não mais serem representadas.

Por isso, as marcas precisam abrir espaços cada vez maiores para exaltar a representatividade dos multivíduos e não estabelecer mais um padrão para se comunicar com pessoas diferentes, corpos distintos, sem gênero, genderless.

Ainda sobre o estudo do professor, entendemos que o multivíduo é um sujeito divisível, plural, fluido. Um mesmo sujeito pode ter uma multiplicidade de identidades, de "eus", e assim multividuar a sua subjetividade.
O desejo de viver e expressar as diversas formas de ser e de existir se conectam com maior facilidade através da internet, do digital. É o mesmo universo online onde coexistem os multivíduos e as marcas.

A adoção das marcas ao movimento genderless 

Rompendo as barreiras do que pode e deve ser feminino ou masculino, o movimento genderless é uma forma de representar qualquer pessoa que se identifique ou queira se expressar com alguma roupa, uso de maquiagem, por exemplo. É um estilo de vida sem gênero, sem amarras. É sobre liberdade.

Algumas marcas já começaram a entender o quanto o movimento genderless é essencial para as relações futuras e como não mudar pode ser um passo retroativo no meio de tantas manifestações. Entre elas, a relação da geração Z no digital e o TikTok, que é uma grande vitrine para diversas marcas.

Um exemplo disso, foi a campanha que a marca Amaro lançou no início desse ano, em colaboração com os criadores de conteúdo do aplicativo vestindo peças genderless.

Amaro + TikTok Collection | 2021
Amaro + TikTok Collection | 2021






E ainda dentro do TikTok, se as palavras “genderless” ou “gender neutral” forem digitadas na parte do descobrir, diversos conteúdos interessantes são encontrados. É uma plataforma que traz diversas narrativas e espaços de inclusão e representatividade.

No mercado do audiovisual, tivemos um lançamento pela plataforma de streaming Amazon, que trouxe uma versão moderna e musical do clássico infantil Cinderela. Estrelado por Camila Cabello e Billy Porter, interpretando o papel da fada madrinha genderless.

Outro exemplo de movimentação genderless: a marca Lego anunciou no mês passado planos para mudar seus produtos, tornando-os sem gênero. Depois de um estudo que fizeram, foi constatado que as meninas são prejudicadas por atitudes desiguais e restritivas em relação aos brinquedos e à criatividade.

Diante de tantas narrativas, dos multivíduos, do movimento genderless e as novas relações, fica um convite para refletir o papel da sua marca como fator de mudança na sociedade. Por que não repensar o lugar da sua marca no digital? Por que não começar agora?